O dia 12 de outubro, famoso por ser feriado do dia das crianças ou Nossa Senhora Aparecida, foi marcado de forma diferente em Porto Alegre na casa de festas Vitraux. No dia, aconteceu a terceira edição da festa Pintosa, no qual teve concurso de Drag Queens. Um começo de feriado bem diferente, bem “colorido”.
A segunda edição foi a única que não teve concurso, porque os donos da festa chamaram uma Drag Queen de São Paulo para fazer show. O dono da festa, Lucas Denimore, acredita que o concurso é muito mais que um concurso, é uma forma de confraternização nas quais elas se reúnem, uma forma de celebrar a Arte Drag.
“O concurso representa muito mais que um concurso, ele é uma celebração da Arte Drag. O concurso é um pretexto, digamos assim, pra gente conseguir reunir um número legal de shows lá em cima, pra ter aquela confraternização, aquele contato, umas com as outras, independente de quem ganhe, a gente nem coloca prêmio em dinheiro muito alto, a gente costuma dar presente, embora eu ache que toda arte mereça ser renumerada, mas assim, pro espírito da coisa, pro espírito do concurso não se tornar uma competição, digamos assim, feroz. O concurso é mais brando. A vencedora é coroada, mas a verdade, o que importa ali é a participação.”, ressalta Lucas.
Se antes as competições eram mais ferozes, agressivas e algumas Drags se achavam melhor que as outras, agora a competição é um lugar que elas podem se unir juntando suas forças para um momento difícil politicamente, no qual, a maioria delas se sentem ameaçadas. O movimento LGBT está sofrendo várias ameaças pelo momento político atua em que o candidato a Presidência, Jair Bolsonaro, acredita que os gays tem que morrer, pelo simples fato de serem gays.
Na festa Pintosa, é um momento em que os gays e as drags juntam toda a sua força para se unir a favor do amor de todas as formas, e acreditam que podem ser o que quiserem. Lucas acredita que elas se sentem acolhidas na festa pelo momento de ameaça que estão vivendo por causa das eleições.
“O ambiente é todo projetado pra ser um ambiente de acolhimento né, ainda mais agora que a gente tá num período bastante crítico assim né, de ameaça mesmo né, aos artistas, aos gays e a várias outras classes com essa eleição que tá aí. Então, é um espaço que a gente pode fazer o que quiser”, ressalta Lucas. Por ironia, o número de Drag Queens inscritas para o concurso era 17 e somente 13 apareceram. O número que representa o partido do Bolsonaro, e o número que representa o partido do Haddad.
Foi uma festa de união, uma festa tranquila em que elas puderam esquecer um pouco sobre esse preconceito que as ronda. Lucas fala sobre como foi o concurso ”Eu achei que tava bem, se dedicaram bastante. Tavam bem legais, bem criativas. E o mais legal de tudo, harmônicas, umas com as outras. Não tava naquele clima de disputa, aquele clima tenso de eu vou ganhar sabe, tava muito tranquila, não teve briga, confusão. O público, não só o público drag, mas o público que gosta dessa arte drag são pessoas mais tranquilas, não só nas minhas festas, mas nas outras festas que eu fui, nunca vi uma confusão, briga, alguma discussão, nada do tipo. Tudo mt tranquilo.”, ressalta Lucas.
Além de ter sido um concurso harmônico, foi um concurso bom para a visibilidade desta arte. Lucas acredita que abrir espaço para esse tipo de arte é bem vindo. “Todo espaço, toda visibilidade é bem vinda né, mesmo tu participando de um concurso e não ganhando, tu tá tendo uma visibilidade né, eu acho que abrir espaços pra essa arte né, seja qual for, é mt bem vindo sempre”, comenta Lucas.
A festa Pintosa, voltada para o público drag, foi iniciada com a intenção de resgatar a cultura aqui em Porto Alegre, pois já tinha se perdido na cidade. O nome é bem escandaloso para chamar atenção e Lucas explica o porquê do nome. “Porque a gente acha que todo mundo tem que ser livre pra fazer o que quiser”, explica o dono da festa. Pintosa é uma festa que todos são livres para fazer o que quiserem, sem tabus, sem preconceitos, simplesmente ser eles mesmo.