“Nós podemos mudar a vida de alguém” A Drag Queen de Porto Alegre, Savannah, inspira pessoas com sua arte

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Foto: Letícia Anele Kruse

     Savannah teve inspiração em ser Drag Queen pelo ex namorado e pela série Ru Paul Drag Race. O ex namorado dela sempre gostou muito de Drag Queen, e a Savannah achava legal, só que não era algo que lhe chamasse atenção. Até que eles começaram a assistir a série, e Savannah se apaixonou por esta arte.  “Eu achava, nossa, isso é muito legal, bonito, tipo, esteticamente lindo, porque Drag Queen né, aquela mulher gigantesca né, mas por causa de Ru Paul a gente começou a assistir, ele já conhecia, óbvio, e aí eu comecei a assistir e foi ali que me deu um estalo de dedos, nossa, isso é muito legal, é uma arte muito bacana e vamos entrar nessa sabe. E foi aí que começamos a pesquisar, fazer maquiagem e essas coisas todas  que a gente faz no início de drag”, comenta Savannah.

    E segundo Savannah, foi uma coisa natural  ser drag, porque depois de assistir a série Ru Paul, ela  e o ex namorado começaram a ir atrás de maquiagem, cabelo e demoraram mais ou menos um ano para saírem de casa montadas, depois de muitas pesquisas. “A gente se maquiava, eu me maquiava, me vestia, botava peruca, mas a gente não saia de casa. A gente ficava só em casa, fazia umas fotos ou outra. Demorou um ano e meio mais ou menos para gente sair de casa. A gente queria ter 100% de certeza que a gente tava bonita, tipo, esteticamente falando. Esteticamente aquilo que a gente achava mais bonito”, ressalta Savannah.

    Ela, além de trabalhar como Drag Queen, também trabalha como DJ juntamente com a Seripha. Elas são amigas, parceiras e estão sempre juntas. Na terceira vez que elas saíram montadas, já foram convidadas para se apresentarem em uma Boate LGBT de Porto Alegre, a Vitraux. E desde então, algumas vezes, elas são chamadas para trabalharem na casa. Só que o mercado de trabalho para drag queens apresentarem sua arte está difícil. “Tá bem difícil para Drag Queen. Não tem mais espaços, a gente tá vendo os lugares fechando. Tipo, eles abrem pra tipo, ser nosso, e tipo, eles fecham e tá sendo bem difícil de trabalhar como drag, principalmente porque tem bastante drag e pouco espaço, e tipo, tu acaba não trabalhando para tua colega trabalhar. Sabe, isso é bom, que tipo, tá dando espaço pra alguém, mas não, deveria ser pra todos”, ressalta Savannah.

     O mercado de Drag Queens é difícil. Aqui em Porto Alegre, tem dois bares específicos em que sempre tem apresentações e performances de Drag Queens, o Vitraux e o Workroom. Inclusive, a Savannah falou sobre sua aúltima, até então, performance no Workroom, que aconteceu no dia 21 de outubro e como foi marcante para ela. “Eu fiz uma performance  de uma música da Kelly Clarkson que é bem o que a gente tá passando, vivendo na política brasileira. Tá bem foda. Eu saí do palco e uma menina veio chorando falando que era aquilo que ela precisava ouvir, porque ela tava triste, quanto a política, nossa sociedade em si. Deu um Up na vida dela, e que ela ia sempre se lembrar daquilo nos próximos dias. Foi algo marcante pra ela. Eu pensei em que, tipo, bom, é isso que a gente precisava sabe. Nós, Drag Queens, a gente precisa estar a frente. Não só trazendo alegria, mas tipo, trazendo esse pensamento, sabe, nós podemos mudar a vida de alguém”, relata Savannah.

   Não só as Drag Queens, só que todos que fazem parte ou simpatizam com o movimento LGBT estão com medo da política atual do Brasil. Até mesmo porque um dos candidatos à Presidência, Jair Bolsonaro, já declarou guerra e já se demonstrou bastante preconceituoso em relação aos homossexuais. Já foi falado por ele em debates e entrevistas, as seguintes frases. “Não vou combater, nem discriminar, mas, se eu ver dois homens se beijando na rua, vou bater”; “Sangue de um homossexual pode contaminar o sangue de um heterossexual”; “Seria incapaz de amar um filho gay. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodinho por aí. Para mim, ele vai ter morrido mesmo”; “A sociedade brasileira não gostam de homossexuais”. Essas são só algumas frases de alguns absurdos que ele falou em relação ao meio LGBT. Savannah nunca teve preconceito com família e amigos, só que sempre alguma piadinha na rua desde sempre. E ela que representa toda força que o Matheus esconde, tem medo de sair de casa sozinha, seja como homem gay ou como Drag Queen. Diante da política atual, muitas pessoas se demonstraram preconceituosas e alguns eleitores do Bolsonaro causam medo para a grande maioria dos gays. “No primeiro turno  a gente saia na rua normal, tu não via, tu até ouvia, mas não era como agora sabe, agora, tipo, não saio sozinho de casa sabe. Tá bem difícil”, desabada Savannah.

   Só que apesar dos pesares, as Drag Queens estão bem unidas apesar de terem fama de barraqueiras por muitos, elas estão dando força umas para outras nesse momento tão delicado, e Savannah se sente em uma família quando está com elas. A gente cria uma família sabe, e em todos os lugares a gente tem aquelas pessoas que a gente vai se apoiar e as pessoas que se apoiam na gente também. Então, nós do meio LGBT, a gente sabe bem o que é palavra de ser irmão e irmã porque a gente tá sempre um do lado do outro, querendo ou não, brigando ou não, a gente tá sempre do lado outro porque a gente sabe o que o outro passa”, declara Savannah. São tempos difíceis para elas, e elas estão se dando a força necessária, sendo empatas uma com as outras mostrando o verdadeiro sentido da frase “A união faz a força”.

 

 

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Matheus que faz a Drag Savannah fica triste ao se lembrar da cena política atual. Foto: Letícia Anele Kruse

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