“Tem muito homem gay machista”

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  Lorena Simpson dispensa  apresentações. Ela é bailarina, inclusive iniciou sua carreira artística com apenas 11 anos, já foi bailarina da Kelly Key, é coreógrafa, compositora e cantora. Ela ficou conhecida nacionalmente quando lançou as músicas “Brand New Day” e  “Can´t Stop Love You”. As músicas dela viraram Hits, que ficaram conhecidas internacionalmente, tanto que a cantora é considerada um ícone na house music nacional. Ela também foi nomeada como Embaixadora da Diversidade Sexual no México no ano de 2010.

  Além de tudo isso, ela é uma das juradas do concurso The Queen Brasil, um reality shows para drag queens, que acontece no teatro Rival, na cidade do Rio de Janeiro. O concurso tem como inspiração o  programa The Four Brasil. A Lorena Simpson é uma das juradas, juntamente com Eduardo Arauju e Miami Pink em que a apresentação fica por conta de Samara Rios. Lorena é a única jurada mulher do concurso.

  Um ponto importante é que é a primeira vez que uma pessoa que não é/ faz drag aparece por aqui na Aquenda, porém, ela é uma inspiração para muitas pessoas, sejam drags ou não, sem falar que é uma artista incrível. Em meio a pandemia que estamos vivendo, a Aquenda Revista conversou com  a Lorena Simpson via WhatsApp. Ela falou sobre a influência do reality “Ru Paul Drag Race” na cena da música pop brasileira, sobre ser jurada no concurso The Queen Brasil, momentos marcantes dentro da  cena drag, lançamento de músicas, surpresas para os fãs e muito mais. Confira a entrevista:

Foto: JotaPê Felix

Aquenda Revista: Depois do sucesso internacional das Drags do reality “Ru Paul’s Drag Race”, o que você acha do mundo Drag Queen na cena da música Pop Brasileira ?

Lorena: Olha, eu acredito muito, muito na super influência do reality Ru Paul Drag Race pra galera do Brasil. É uma super influência também, uma chancela meio que de autorização, não autorização, mas um “vocês podem também”, né? E eu acho que influenciou e deu essa liberdade, essa autorização entre aspas como eu falei, pra muita gente começar a fazer isso com menos medo. Há 10 anos ainda tem muito preconceito dentro do LGBTQ+, mas há 10 anos as Drags eram em número bem menor. Se for comparado a hoje a quantidade de Drags, a quantidade de artistas que se montam ou não artistas que vão pra balada com a sua peruca e a sua super make, mas sua roupinha de homem, né? Então tem de tudo, e acho que foi uma grande influência muito boa.

Aquenda Revista: Como é ser jurada no concurso The Queen Brasil?

Lorena: Honestamente eu achava que ser Jurada, fazer parte de um Júri Artístico fosse mais fácil porque a gente assiste aqui na casa da gente outros tipos de reality, apresentações ou concursos e é muito fácil a gente julgar, sentadinha aqui na nossa casa, né? Mas quando você é um artista, no meu caso, eu sou artista, eu sou um júri artístico, não sou um júri técnico lá. úri técnico é a Miami Pink. Somos em três jurados, dois são artísticos e um é técnico. A Miami é dona de outros concursos de Drag, então ela consegue fazer Feedbacks mais técnicos e eu trago meu feedback artístico, e o outro jurado também. E confesso que é muito difícil. É muito legal porque é muito inspirador, mas ao mesmo tempo, eu sinto uma certa dificuldade,principalmente quando eu vou criticar, quando tem algo  a ser criticado naquela apresentação porque é um artista, um ser humano e eles tem níveis de possibilidade ou não. Tem artistas ali que a mãe costura, a pessoa costura também, tem a pessoa que já tem dinheiro pra alugar roupa, pra alugar peruca e tem artista que não tem nada. Então, eu vou te falar que fico muito nervosa pra dizer algo, e eu espero, eu busco sempre trazer algo construtivo pro artista, mas é algo legal, muito inspirador.

Aquenda Revista: Você já passou por algum preconceito no concurso por ser a única jurada mulher ?

Lorena: Olha, preconceito por ser mulher….na verdade, a primeira temporada do The Queen, a gente já teve uma candidata mulher com a personagem Drag dela, então a gente já começa quebrando esse padrão. Tinha gente ali que achava que eu estava votando quando eu votava a favor dessa Drag que é mulher, achavam que eu tava votando por causa do gênero, que ela é mulher. E não, eu julguei da mesma forma. Ela sendo mulher, os outros sendo homens…enfim. Então, eu acho que não, mas eu acredito que as mulheres que tem essa personagem Drag passem sim por um  certo preconceito porque o meio LGBT, apesar de ser um meio que abraça todas as pessoas, tem muito gay machista, tem muito homem gay machista. Então a mulher ainda sofre aí sim um certo machismo às vezes.

Aquenda Revista: Qual momento mais marcante aconteceu contigo na Cena Drag ?

Lorena: O que me marcou foi ver que as Top Drags da época quando a gente lançou as músicas, começaram a usar as músicas para shows e apresentações delas, aí eu passei a ver que a música tava sendo de grande representatividade,  pelos artistas da cena  estarem usando ela. E eu fiz uma apresentação com a Talessa onde eu cantava e ela dublava minha música, e isso foi muito lindo. Foi bem marcante.

Aquenda Revista:O que você está achando das Lives? Acredita que tem uma aproximação mais íntima com os fãs?

Lorena: Olha, inicialmente eu tava achando esse negócio de Live demais. Eu achava que tinha Live demais pra público de menos e o público ficava perdido entre o que assistir e o que não assistir. Existe um lado muito bom das Lives, e existe um lado não muito bom das Lives. O lado bom é esse que você comentou, eu acho que tem uma aproximação maior com os fãs. Eu tenho feito Lives, eu nunca utilizei muito esse recurso antes da pandemia, e com a pandemia eu passei a utilizar mais, e eu tenho entrado muito mais pra gente conversar, e eu acho muito legal porque eu gosto, e tenho gostado de conhecer quem tá ali do outro lado que são pessoas que me curtem, me acompanham. Claro que eles querem saber da minha vida, mas eu também tenho muito interesse em saber quem são essas pessoas. Isso é o lado bom, que tem essa aproximação mais forte com o fã. O lado ruim  é o artista que faz live cantando, ele não ganha absolutamente nada com isso. Ele ganha, claro, visibilidade, possibilidade de divulgação, mas efetivamente, dinheiro, ajuda real que ajuda a pessoa no mês, na comida, no aluguel ou no transporte…enfim. Ninguém tá podendo sair, mas é isso, são as coisas básicas. Artistas menores tão se prejudicando um pouco. Os artistas grandes que já eram patrocinados antes, e tão fazendo lives patrocinadas, amém. Glória!  Mas o artista menor, ele pode se prejudicar muito em só dar a arte dele, e não receber nada em troca.

Aquenda Rvista: Você está preparando algo bacana para os fãs?

Lorena: Eu vou participar de uma live super legal de um evento que é o POPLineMasks4ALL, que é um portal de notícias do mundo Mundo Pop, e eu vou cantar umas musicas no dia 31 de maio a partir das 16 horas.Eu quero convidar todos vocês a assistir! Em casa eu to me preparando devagar, aprendendo a me gravar, tô aprendendo a colocar um som bacana pra galera que vai me assistir. Não gostaria de fazer algo, na verdade as pessoas vão reclamar de qualquer forma. Se você fizer algo simples, vão querer algo elaborado. Se fizer elaborado, vão perguntar cadê a simplicidade, mas eu gosto de qualidade. Então eu tô primeiro me organizando pra conseguir fazer um show de qualidade.

Aquenda Revista: O que os LoreLovers podem esperar da Lorena Simpson ?

Lorena: Olha, a gente tá em um momento….apesar de estarmos dentro das nossas casinhas, musicalmente vou fazer experimentos, não experimentos, mas eu vou lançar músicas que se estivéssemos no nosso ritmo normal de Boate, de pista aberta, talvez eu não teria a oportunidade de lançar. Então, como a  música não para, eu vou lançar músicas um pouco diferente do que as pessoas estão acostumadas. Tem o lançamento no dia 5 de junho, uma música chamada Vantagem. Ela é um R&B em parceria com meu amigo Molla DJ. Os meus fãs no grupo já escutaram um pouquinho, e ficaram super ansiosos, e é uma novidade. Então acho que eles podem esperar coisas que não viram ainda.

Aquenda Revista: Quais são teus planos para a sua carreira pós pandemia ?

Lorena: Amiga, eu tinha tantos planos pra minha carreira pra esse primeiro semestre. A gente tinha lançamento preparado pra março, abril, maio e junho. E tudo isso caiu…eu não tenho planejamento pós pandemia porque eu não faço ideia de quando isso vai acabar, então eu prefiro pensar no que a gente tem agora que é lançar essa música nova, músicas minhas que já estavam prontas que eu tô dando uma mexida pra quem sabe lançar nesse momento também, pra gente experimentar, pra  ver como é que o público recebe. Mas como a gente não sabe quando isso vai acabar, não tem como a gente se planejar muito, porém, as músicas que eu comentei anteriormente que eram pra ser lançadas em abril, maio e junho, elas estão sendo produzidas pra quando isso acabar a gente voltar as atividades normais de lançar música eletrônica.

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