Grida é a primeira mulher Lady Queen que aparece na Aquenda Revista. Lady Queen é nome que é dado para mulheres que trabalham com a arte drag. Sim, não são só homens que fazem drag queen. Todos podem trabalhar com a arte drag, independente do sexo e gênero. Até mesmo porque todos que trabalham com a arte drag são artistas antes de qualquer coisa. A Grida já se encontrava com a arte antes porque ela é atriz, trabalha em projetos musicais, é modelo vivo para pintores e desenhistas, e também trabalha com a arte burlesca. Além disso, ela também trabalha com terapia holística.
Ela é uruguaia, só que sempre teve interesse pelo meio underground. Há 02 anos, quando ela veio para Porto Alegre, foi a procura de teatros, e então encontrou o Workshop “Pimp my Drag”, da drag Cassandra Calabouço. E desde então, ela trabalha como Lady Queen. Ela vive da arte e não troca por nada porque ela se mostra como realmente é, inclusive se sente mais sarcástica e livre como Lady Queen.
Em algumas entrevistas anteriores, algumas drags falaram que sofreram preconceito no meio LBTQIA+. Infelizmente, quando se é uma mulher fazendo drag parece que o preconceito é maior justamente pelo fato da pessoa ser mulher. O machismo está presente em todos os meios. E segundo a Grida e registros históricos, a arte drag foi criada por mulheres.
“A arte drag foi construída por mulheres. Sapatas, trans,negras…os registros históricos mostram, por isso é tan importante estudar os fatos.”
No meio da pandemia que estamos vivendo, a Aquenda Revista conversou com a Grida via WhatsApp. Ela falou sobre ser mulher no meio drag, porque quis ser drag queen, preconceitos, conselhos e tudo mais. A entrevista está descrita exatamente como ela enviou no whats, por isso o charme do “portunhol”. Confira a entrevista completa:
Aquenda Revista: Porque você quis ser drag queen?
Grida: Toda vez que alguém me pergunta disto costumo responder com a resposta similar de que ‘sempre ha sido drama queen e estava procurando algo más pa preencher o currículo’ hahah! Mas en serio, sempre tive esta camada ‘extra’ em me vestir, em expresarme, tanto que sempre me encantó o burlesque e ja o praticava despretensiosamente…ai quando cheguei a Porto Alegre fui atrás de teatro que sempre esteve comigo, o boom de drag race sr dava ao mundo… e encontrei o curso de Cassandra Calabouço e o restante foi questão de estudo pasion e cara de pau!
Aquenda Revista: Você foi inspirada pelo reality “Ru Paul’s Drag Queen”?
Grida: Se fui inspirada por drag race? Y COMO! creo que toda essa nova geração drag de alguma manera teve su parcela de inspiração em drag race e isto é fantástico. Que iniciei quando a season 7 estava a finalizar maratonei tudo & desde sempre acompanho. Como entretenimento o programa é incrível, mas necessitamos recordar que a cena ‘real’ brasilera é bem diversa abrangente & DÊEM SUPORTE A CENA LOCAL! a Ru Paul ja ta montada na grana hahah 🤭.
Aquenda Revista: Qual sua maior inspiração como drag?
Grida: Mi maior inspiração drag é… ELVIRA! 🖤 desde sempre. Empoderada bruja & sarcástica. Rita von hunty é mi favorita como inspiração & exemplo. De Drag Race Alyssa Edwards & shea Coulee.
Aquenda Revista: Qual a maior diferença entre a Grida e Lady Queen Grida?
Grida: A maior diferença entre grida & lady queen grida? Creo que a atitude & o conjunto da obra visual. A Grida Ladyqueen é voltada a exaltação da mulher, desta deusa bruja fada que habita todas, ela é geralmente mais sarcastica & libre sempre pronta pa la fiesta com paleta de figurino recorrentes em preto dourado vermelho & jóias fruto de seu trabalho hahah! Já a grida é artista involucrada em otros projetos no teatro musical, poso como modelo vivo a pintores & atuo em performances envoltas em dança (participei do Poa em Cena em 2019).
Aquenda Revista: Como é ser mulher no meio drag?
Grida: Ser mulher no meio drag é ALGO curioso, agregador, interessante… claro que já ha váriadas artistas queers o no entre meio, cis quanto trans e ojala tenhamos muchas más porque quando mulheres se juntam ha renovação de um sistema inclusive dos shapes propostas no mainstream, mas quanto a mi experiência… a sido uma descuberta e exploração tremenda, de sentir, experimentar, observar, absorber & compartir. Quem pensa que arte drag (seja ladyqueen ou drag queen) é só festa lusho & fotos belas e editadas esta re mal de ideas. um estudo constante fisico, emocional & histórico (conheça sus referencias).
Aquenda Revista: Você já sofreu algum preconceito por ser drag?
Grida: Creo que toda mulher ja ha pasado por alguma desestimulo, desletimização de su trabalho e mesmo estando num ambiente queer e diverso, ainda hay sua parcela patriarcal… contudo costumo carregar comigo a constante de ‘nao aceite criticas de quem no irias atras para conselho’. Se ha y algo construtivo, acolho. Se hay algun preconceito dos quais como comunidade 2020 nova era nova década ja nao deveria aportar, o corte é rapido e preciso. NO TE OLVIDES QUE SOMOS LATINES E FERVEMOS EL SANGRE!
Aquenda Revista: Tu acha que as drag queens são mais empatas contigo ou elas te olham com mais preconceito pelo fato de tu ser mulher? Existe o machismo no meio drag?
Grida: Si, infelizmente ha machismo reproduzido no meio drag, creo que parte pela construção sexista enraizada socialmente sobre o que é feminilidade, junto a falta de (querer) informação… agora cabe a cada um questionarse a si próprio sobre a reprodução desse comportamento, já que a feminilidade vai além do que nos foi ensinado de forma padronizada. Já passei por contestações de ‘tirar espaço de drags ou no ser valida ja que pa mulher é mais fácil’ ditas por mentes sexistas todavía foram pocas situações. Ainda que vejo, por colegas que no caem no padrão idealizado, que fazem drag queer ou king, uma maior resistência de outros para aceitar seu trabalho. Además: a importância do suporte dentre mulheres, ja que ha uma gran quantidade de mulheres que consomem drag e tambem o exercem, e SIM SOMOS PARTE. Lesbicas, Bissexuais… a arte drag foi construída por mulheres. Sapatas. trans. negras…os registros históricos mostram, Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera e a brasileira Elke Maravilha são exemplos de mulheres que construíram o drag, por isso é tan importante estudar os fatos. Asi que nao ha espaço ‘sendo tomado’ ja que devemos construir em conjunto na comunidade LGBTQA+ e no somente uma das letras em evidência incluso que se trata de ARTE, e arte no possui género. Essa forma de pensamento é que precisamos questionar & cambiar.