“Eu sempre fui uma gay afeminada”

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  Pedro Machado, Designer de Moda, decidiu  usar sua criatividade fazendo vestidos acima de vestidos já existentes, na pandemia. Para isso, precisava de modelos para experimentar sua criação, e Pedro decidiu que ele mesmo ia ser seu próprio modelo. Desde então, ele aprendeu a fazer make, e no ano de 2021, fez sua primeira performance como a drag Alexa, na Parada da Diversidade de Pelotas. Ele entrou no mundo drag totalmente por acaso, e descobriu mais talentos em épocas pandêmicas. Na entrevista, Pedro também ressalta o preconceito que sofre com outros homens gays pelo fato de ser drag e gordo.

  A Aquenda Revista conversou com a Alexa via Whats App. Ela falou sobre porque quis ser drag, make, conselhos, preconceitos, diferenças entre Alexa e Pedro e muito mais. Confira a entrevista:

 

Arquivo pessoal

 

Aquenda Revista: Porque você quis ser drag queen?

Alexa: É meio doido que eu caí meio de paraquedas no drag, pois estávamos lá na pandemia, sem ver a luz no fim do túnel, e eu já tinha feito de tudo, e a moda sempre foi a minha praia.  Então eu decidi que ia fazer vestidos com vestidos que já existiam, mas eu precisava de uma modelo extravagante para isso, e aí eu pensei: e se?! E depois de uns 3 meses treinando make (escondido de todos), área da qual eu tinha um total de zero noção, nasceu a Alexa!

 

Aquenda Revista: Você treinou make escondido por algum motivo específico?

Alexa: Nada muito específico. No começo foi pra ver se realmente era uma coisa que iria pra frente, e também um pouco de receio né, mesmo tendo uma família muito de boa com tudo na minha vida hoje. Na época eu já pintava a unha e pensava: “será que mais isso eles vão tolerar?!”. Como sempre, a gente se moldando por outras pessoas. E também porquê eu não tinha noção nenhuma de maquiagem. Eu comprei a primeira base em 2019, e só em 2020, na quarentena, que eu comecei a aprender um pouquinho de técnicas de maquiagem, e praticamente tudo que eu sei, aprendi sozinha, junto com as milhões de lives que assisti!

 

Aquenda Revista: Quando foi a primeira performance da Alexa?

Alexa: A primeira performance da Alexa foi em 2021 na parada da diversidade de Pelotas, por estarmos ainda em pandemia (com à população já em processo de vacinação!), foi em um teatro e definitivamente não poderia ter sido em outro momento!

 

Aquenda Revista: Já sofreu algum preconceito por ser drag?

Alexa: Olha, eu já passei por muitos preconceitos, afinal, eu sempre fui uma gay afeminada. Acredito que por ser drag, felizmente eu acho que nunca passei por nada muito traumatizante, mas sempre rola aquele olhar torto e enfim, mas eu abstraio e finjo demência!

 

Aquenda Revista: Você pode dar algum exemplo de preconceito que sofreu por ser gay afeminado?

Alexa: O exemplo mais nítido que eu posso citar não vem nem de pessoas de fora da bolha (lgbtqia+), vem diretamente da própria comunidade, na sigla G. Talvez por vivermos em uma sociedade extremamente machista, faz com que os homens reprimam toda feminilidade. Então muitos caras gays acham que por eu pintar as unhas, fazer drag, usar peruca e etc, eu sou menos homem que eles. sabe? E não faz sentido! Mas é uma das coisas mais difíceis no centro da comunidade gay, fora o fato de ser gordo, o que praticamente me transforma em invisível.

Aquenda Revista: Qual a maior diferença entre Alexa e Pedro?

Alexa: Tá aí uma pergunta difícil, que eu não consegui chegar em uma resposta coerente. Eu e a Alexa não somos muito diferentes, afinal a Alexa é uma extensão de mim, é a extensão de toda a feminilidade que me foi negada durante a vida. É praticamente a boneca que eu não podia brincar e tudo mais, acho que ela é definitivamente muito mais corajosa e segura de si do que o Pedro, mas depende do dia.

Aquenda Revista: Qual conselho você  dá para quem quer ser drag? Seja como hobby ou profissão?

Alexa: Não faz! Mentiraaa!!! Eu acho que o conselho que eu daria é: não te compara com outras, afinal o seu começo não é a mesma coisa que meio do processo de outras pessoas. E sempre dê o seu melhor, que pode não ser o melhor para os outros, mas sempre tenha a consciência tranquila em dizer “entreguei o meu melhor!”

 

Arquivo pessoal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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