Me apaixonei pela segurança, empoderamento, beleza e pela liberdade de criar um personagem e ser o que você quiser.

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A Aquenda Revista conversou com a Tiffany O’hara que trabalha profissionalmente como Drag Queen há mais ou menos três anos, desde quando aconteceu a abertura de um bar Drag de Porto Alegre, Workroom,  localizado na Cidade Baixa. Antes da abertura do bar, a Tiffany já fazia Drag, só que por Hobby. Ela ia em festas montada para diversão. E falando em diversão, Tiffany diz que seu ponto forte é o seu senso de Humor. Ela também falou porque quis ser Drag Queen, Mercado de Trabalho, Preconceito, algumas inspirações e muito mais. Confira a entrevista:

Aquenda Revista: Porque você quis ser Drag Queen?

Tiffany O’hara: Tive contato pela primeira vez com drags em uma festa tradicional aqui de POA, a Xtravaganza, que trazia Drags internacionais do programa Rupaul Drag Race, era a edição que trouxe a drag Jujubee. Lá eu vi Cassandra Calabouço, Isis James Preston e Sarah Vika. Me apaixonei pela segurança, empoderamento, beleza e pela liberdade de criar um personagem e ser o que você quiser. É tiro e queda, quando você vê uma drag no palco já quer logo fazer/ser parte daquele universo. Na mesma época Cassandra Calabouço realizava a primeira edição do PIMP MY DRAG, um workshop que serviria pra dar dicas, aperfeiçoar sua personagem drag. Lá eu criei do zero a Tiffany O’hara e sigo até hoje.

Aquenda Revista: Já sofreu algum tipo de preconceito por ser Drag?

Tiffany O’hara: Nada relevante por parte do público ou outras pessoas, o preconceito às vezes é maior no próprio meio. Os subgrupos que se criam no começo espantam mas depois cada um acha seu espaço. Tem as que dançam, as caricatas, as bonitas/polidas, as experientes, as que falam bem em público e por aí vai. De início a gente acha que não se encaixa até criar seu próprio grupo, ou transitar em todos eles, sem rótulos ou definições.

Aquenda Revista: O que você acha do Mercado de Trabalho para Drag Queens em Porto Alegre?

Tiffany O’hara: Antigamente era maior, tinha mais visibilidade/movimentação, com mais festas (saudades Biba e Xtravaganza), da Astro que eu nem conheci e fechou. Seguimos com Vitraux, Workroom, Von Teese Bar, Cabaré, Ocidente, Venezianos Pub. Muitas opções porém são poucas drags que tocam CDJ, ou fazem performance e hostess. Por vezes as mesmas. Penso que o espaço é pequeno pra tanta drag, e a cada dia surge uma nova.

Aquenda Revista: Qual sua maior inspiração?

Tiffany O’hara: No começo minha inspiração era me tornar uma drag com traços de MISS, modelo de passarela, bonita e chique. Me inspirava nas Misses Universo, principalmente as Venezuelanas, também nas modelos como Tyra Banks e Gisele, sem falar na rainha Beyoncé. Na minha cabeça me vejo sempre assim, mas ao longo da jornada percebi que era mais engraçada que bonita, cômica, e que o meu forte é o senso de humor. Não que eu seja feia, porque a beleza eu também entrego. Mas atualmente tô mais para Marília Mendonça. Claro que com o tempo você vai se inspirando em quem está próximo, ao qual você acompanha o trabalho e admira, nesse caso sou mais que fã e aprendo muito com as Vikkings (Sarah Vika, Isis James Preston, Gabi Santorini e Eva W. King).

Aquenda Revista: Qual conselho você dá para quem quer ser Drag Queen, seja como profissão ou hobby??

Tiffany O’hara: Se for hobby se jogue, não tenha medo de errar, é diversão/experimentação. A cada montação uma descoberta, e assim você vai crescendo, aprimorando e se descobrindo. Busque referências, treine maquiagem, peça ajuda, observe e aprenda, mas não desista nem deixe de tentar.   No começo parece que vai dar tudo errado mas o tempo trás o resultado positivo.  Se for profissão é diferente, tenha em mente que trabalhar na noite pode ser um ambiente tóxico e perigoso, pessoas fúteis/falsas, mas você tem que saber se distanciar e perceber quem está ao seu lado para tirar vantagem ou porque apoia seu trabalho. Não se cobre muito o resultado e ganhos virão com tempo. Lembre que ser Drag não é barato, cansa, pode te estressar, e no começo tem que aceitar qualquer participação pra ter visibilidade e ser conhecida. Depois então pode escolher os trabalhos que mais remuneram. Se não toca em festa, procure aprender. Não dubla, faça um curso/treinamento. Não pode investir no começo? Peça emprestado, converse com as drags locais e peça dicas. Aprenda, estude e não desista. Eu sou a prova viva de que se você tem vontade, faça. Não dependa da opinião alheia. Eu não costuro, não faço minha maquiagem, não danço nem toco em festas. A única coisa que sei fazer bem é ser simpática e engraçada, mas esse talento sustenta a minha personagem e eu faço com maior prazer e me orgulho de dizer que cheguei até aqui. Muito ainda tenho a aprender, mas muito já evoluí como profissional e como ser humano. E não se esqueça: tem que ser divertido, satisfatório, empolgante, senão porque fazer?!

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